quarta-feira, 24 de outubro de 2012

estudos dirigidos: artigo definido e pronomes retos



SEMINÀRIO SETEMIRJ
Estudo dirigido de Língua Hebraica I

1-    Complete.
a)    A língua hebraica não possui artigo -------------------------------------------
b)    A ausência do artigo indica que o substantivo é ----------------------------
c)    As consoantes guturais são: ----------------------------------------------------------
d)    O artigo definido nunca se encontra sozinho, mas sempre prefixado ao -------------------------------------------------------------
2-    O artigo definido normalmente se apresenta da seguinte forma: (. h; ). O daguesh é colocado na primeira consoante do substantivo, desde que não seja uma consoante gutural.
      Ex.  d y'- uma mão - dY'h;- a mão
       lwOq- uma voz – lwOQh;- a voz
Dê acordo com o exemplo acima, coloque o artigo definido nas seguintes palavras:
a)    ble-                         !Be-

b)    ~wOy-                                sWs-

c)    ~y'-                                 ~wOlv'-

3-    Os sinais vocálicos são as vogais. Portanto identifique as vogais das palavras abaixo.

a)    tB; -                             d) #r,a,-
b)    rv,a,-                             e) x;Wr-
c)    bwOj-                              f) !G;-
4- No processo de formação das palavras só podemos ter uma vogal em cada sílaba ou uma vogal e uma semivogal a qual denominamos de shevah. Este pode ser sonoro ou secante. Baseado nesta assertiva separe as sílabas abaixo.
a)    hv,mo-
b)     rwOD-
c)    ~x,l<-
d)    r[;n;-
e)    ~yil;v'Wry.-
f)     rp<s< -

5-    Os pronomes pessoais do caso reto têm a função de sujeito da oração, embora alguns podem se transformar em pronomes oblíquos. Vejamos:
        NO singular:                                         Plural
        ynia]- eu                                                 Wnx.n;a]- nós ( masc. e fem.)
    hT'a;- tu ( masc.)                                  ~T<a;- vós (masc.)
    T>a;- tu ( fem.)                                       !T<a;- vós (fem.)
    aWh- ele                                                  ~he- eles (masc.)
    ayhi- ela                                                   !h<- elas ( fem.)

Portanto, se quero dizer eu sou estudante, escreve-se : ~ydim>wOl ynia}, se digo nós somos irmãos, escreve-se: Wnx.n'a} ~yxia;. Assim, monte as seguintes frases:
a)    eu sou homem –
b)    nós estudamos –
c)    Eu sou O Senhor-

sábado, 13 de outubro de 2012

Monografia.

Reportagens


Gêneros Acadêmicos

Monografias



Muitos cursos superiores exigem do aluno, como trabalho de término de curso, uma monografia. Entretanto, não raro, os alunos se encontram perdidos na hora de escrever esse gênero acadêmico. Ainda que haja várias obras sobre o assunto, poucas possuem uma linguagem clara para um iniciante. No intuito de contribuir com o tema oferecemos, aqui, algumas sugestões que podem ser úteis


por Edmar Cialdine*


Divulgação / Shutterstock Images
Gêneros textuais são caracterizados por sua função sociocomunicativa e por sua estrutura mais ou menos fixa. Mais ou menos porque, ao mesmo tempo em que a estrutura se transforma segundo a necessidade do usuário, se tal estrutura se modificasse excessivamente, o usuário teria dificuldades em reconhecer o gênero e, consequentemente, sua leitura e compreensão poderia ser comprometida.
Apesar do status dos gêneros acadêmicos, eles não são exceções. Pelo contrário, às vezes é muito mais fácil escrever uma carta formal que fazer, por exemplo, uma resenha. Não raro, o formato de um gênero acadêmico segue as direções dadas pelo responsável que a pediu. Assim, ao escrever um artigo é preciso ficar atento às normas da revista; ao fazer um trabalho, ao professor; uma monografia, ao orientador e ao avaliadores. Claro que, ainda que haja diferenças, tais textos possuem partes em comum. Nesse sentido, resolvemos, aqui, apresentar algumas sugestões do que acredito que seja uma forma de estruturar um texto acadêmico, mais especificamente monografias. Importante que se diga que não é o objetivo desse texto ser taxativo - "faça assim", "esse é o jeito certo" - ao contrário, pretendemos ser uma contribuição a mais. Nesse sentido, baseamos esse texto em nossa experiência como leitor, orientador e produtor de monografias.
Antes de qualquer coisa, não é nosso objetivo tratar de normas[1] aqui, abordaremos os elementos textuais, o "miolo" da monografia. No entanto, sendo necessário poderemos mencionar algumas poucas coisas. Outro ponto é que seguiremos a quantidade de capítulos partindo da Introdução. Sim, tanto Introdução quanto Conclusões podem ser considerados capítulos. Desse modo teremos: Introdução, Fundamentação Teórica, Metodologia, Análises e Conclusões. Encerrarei com algumas observações finais sobre apêndices e anexos.

INTRODUÇÃO
Para muitos, começar um texto é tão torturante como tentar criar um novo hábito. Começamos de um jeito, de outro e outro... e geralmente não ficamos satisfeitos. Às vezes, contudo, depois que começamos, o difícil é terminar. A Introdução de um texto deve ser sua apresentação ao leitor, como quando nós nos apresentamos para alguém - e geralmente, causar uma primeira e boa impressão é essencial. Não é porque o texto é acadêmico que ele precisa ser chato e cansativo.
Sempre dizemos aos alunos que a principal diferença entre o Projeto de Pesquisa monográfica e a Monografia em si é a análise feita na Monografia. Grande parte do Projeto, vale ressaltar, vai parar na Introdução.
Se você está apresentando seu trabalho, é necessário deixar claro o que ele é. Começar fazendo um pequeno histórico sobre sua relação com o tema, por que o escolheu, qual a importância dele para você... é um bom início e você pode deixar claro que sua formação acadêmica se direcionou para o tema. A propósito, não deixe de esclarecer qual seu tema e, principalmente, a delimitação[2] dele.
Aos poucos você vai saindo de você para a academia, isto é, você vai deixando de escrever sobre a importância dele para você e passa a dissertar sobre a importância do tema para o universo acadêmico. Chegamos, assim à justificativa e problemática do tema. Explicite bem o problema que existe na área, a lacuna que seu trabalho se propõe a preencher total ou parcialmente.
Acrescente, logo após, as questões de pesquisa: o que você pesquisou sob a forma de perguntas. Essas questões de pesquisa podem ser vistas como a problemática resumidas sob a forma de perguntas. Não esqueça de uma coisa, seu objetivo será respondêlas e é de grande importância para o seu trabalho que essas questões sejam práticas e reais. Caso queira, acrescente possíveis respostas para tais questões (são as hipóteses). Geralmente, não aconselho um pesquisador iniciante trabalhar com hipóteses. O aluno pode ficar condicionado a querer prová-las e acabar comprometendo as análises. Todavia, cada um é cada um e cada pesquisa é única. Contudo, caso você apresente hipóteses, tenha a mente aberta para a possibilidade deles não serem confirmadas e tenha certeza que isso não diminui em nada seu trabalho.
Antes de concluir a Introdução, apresente seus objetivos (não deixe de relacioná-los com as questões de pesquisa). Seu trabalho terá tantos objetivos quantos forem suas questões de pesquisa. É comum eles se dividirem em objetivo geral e específicos - mas isso não é uma regra, você pode apresentar apenas "objetivos" sem especificar nada. O objetivo geral é o ponto que você quer chegar, o principal objetivo do seu trabalho - ele parte da principal questão de pesquisa; já os específicos são secundários e nascem a partir das demais questões. Imagine um guarda-chuva: a haste central é o objetivo geral, as demais, os específicos.
Para concluir[3] a Introdução, é de praxe detalhar a estrutura da Monografia: quantos capítulos e do que trata cada um.
Importante lembrarmos que, quando estamos produzindo o texto, a Introdução geralmente é a última parte, já que ela depende de todo o resto do texto. Então, se você começou por ela, não tem problema; mas fique ciente que, possivelmente, terá que fazer modificações.




Monografias



Muitos cursos superiores exigem do aluno, como trabalho de término de curso, uma monografia. Entretanto, não raro, os alunos se encontram perdidos na hora de escrever esse gênero acadêmico. Ainda que haja várias obras sobre o assunto, poucas possuem uma linguagem clara para um iniciante. No intuito de contribuir com o tema oferecemos, aqui, algumas sugestões que podem ser úteis


por Edmar Cialdine*



CAPÍTULO TEÓRICO
 
Divulgação / Shutterstock Images
No que se refere ao capítulo de fundamentação teórica, interessante começar apontando como essa parte da Monografia se organiza. Você também pode (e deve) ativar o conhecimento prévio do seu leitor indicando as principais referências de seu trabalho, como em um resumo. Explicando melhor: se nesse capítulo a Linguística for o foco e você mencionar Saussure logo de início, o leitor saberá que você está seguindo uma linha de raciocínio estruturalista, mas, se você mencionar Halliday, ele saberá que sua perspectiva é de base sistêmico-funcional. Claro?
O ideal é que toda teoria de seu trabalho se encaixe em um único capítulo, ainda que você trate de pontos diferentes. Nesse sentido, uma organização em seções e subseções tornará o seu texto mais organizado. Outro ponto importante: se você, no Projeto da Monografia, desenvolveu bastante a teoria de sua pesquisa, aqui, na Monografia, apenas uma revisão rápida poderá ser o suficiente. Todo trabalho a mais que você teve no Projeto reduzirá seu trabalho na Monografia.
Organize cada teoria utilizada em uma seção, veja quem a desenvolveu, seus principais pesquisadores, os conceitoschaves da teoria. Esta é uma excelente forma de desenvolver um capítulo
No capítulo teórico, o objetivo é deixar claro todos os autores, conceitos e teorias chave que serão utilizados na hora de analisar os dados coletados. Não faz sentido, assim, você tratar de teóricos e teorias que não lhe serão úteis na análise. Por exemplo, se seu trabalho trata da língua portuguesa no século XVIII, não faria sentido falar sobre gêneros digitais. Organize cada teoria utilizada em uma seção, veja quem desenvolveu tais teorias, quais pesquisadores trabalham com elas e, principalmente, defina os conceitos chave dessas teorias: está pesquisando sobre Letramento? O que é Letramento? O que não é? Quem define assim? Quem assume essa mesma posição? Qual a sua posição? Traçar um histórico sobre as teorias, seus objetos de estudos e metodologias de pesquisa e resenhar algumas pesquisas já feitas é uma ótima forma de desenvolver o capítulo. Mas não esqueça, evite fazer julgamentos e análises - não é a sua voz que se manifesta aqui, mas a voz dos autores. Guarde suas opiniões para o momento certo: as análises!

CAPÍTULO METODOLÓGICO
Quando elaboramos o Projeto da Monografia, é esse o capítulo mais importante. É quando escrevemos como pretendemos pesquisar. Contudo, à medida que começamos o trabalho de pesquisa, comumente modificamos o que planejamos por conta de imprevistos.
Na Monografia, com a pesquisa já finalizada, podemos comparar o que tínhamos em mente com o que realmente fizemos. Aliás, uma primeira sugestão para desenvolver esse capítulo é essa: um pequeno relatório sobre como a pesquisa foi planejada e como foi feita na prática.
Para aqueles que tiveram dificuldades em fazer essa parte no Projeto, é preciso perceber que, a metodologia de uma pesquisa é o como será feita a pesquisa (na Monografia como foi feita). Da mesma forma que uma receita de bolo, quanto mais detalhada for a metodologia, melhor. Imagine que ela deve ser descrita de tal forma que qualquer pessoa que ler seu trabalho possa ter condições de reproduzi-lo passo a passo com o objetivo de ter resultados aproximados.
É claro que, como cada pesquisa é uma pesquisa, as necessidades metodológicas divergem muito, por isso o capítulo de Metodologia costuma ser diferente para as diferentes pesquisas.
Logo após a introdução desse capítulo, precisamos especificar o Tipo de pesquisa ou Natureza de pesquisa, essa é a primeira e fundamental parte. Uma pesquisa bibliográfica não terá necessidade de ir à campo, assim como em um estudo de caso, é necessário uma análise extensa - cabe aqui uma leitura sobre os tipos de pesquisa que existem, um bom livro de metodologia pode detalhar isso bem[ vide box ].
Além da Natureza de pesquisa, há o Universo de pesquisa. Este é o ambiente em que se dará todo o trabalho: uma escola, uma comunidade etc. e não esqueça de detalhar sobre esse Universo. A partir dele você terá as pessoas envolvidas com a pesquisa, isto é, os Sujeitos da pesquisa. Se seu Universo é a escola X, então quem são seus Sujeitos? Os professores de Inglês do nono ano? Os alunos que apresentam dislexia? Os intérpretes de línguas de sinais? Claro que você deve detalhar como esses Sujeitos participaram de sua pesquisa.
Além da natureza da pesquisa, há o universo de pesquisa: é neste que se dará todo o trabalho, que pode ser realizado numa escola, comunidade, etc. Este universo deve ser detalhado e é partir dele que você terá as pessoas envolvidas com a pesquisa - os sujeitos de pesquisa da sua monografia
É do Universo e dos Sujeitos que iremos retirar os dados, mas às vezes, nem todos os dados coletados serão utilizados. Você pode retirar uma amostra, por exemplo. E a pergunta agora seria: qual o critério que você utilizou para selecionar esses materiais? Então, o Critério de Seleção do Corpus precisa ser esclarecido também - ainda que ele seja escolhido aleatoriamente: apenas as redações com notas abaixo da média; ou as aulas observadas em que o professor usa o dicionário; ou as obras literárias produzidas nos últimos dez anos... enfim, seja qual for seu critério, explicite-o.
A propósito, para coletar esses dados, geralmente utilizamos alguns meios e tais meios precisam ser esclarecidos também. São os Instrumentos de pesquisa. Uma entrevista, um questionário, um curso ou oficina... tudo que servir de forma para coleta, armazenagem e tratamento dos dados. É importante que não se confunda os instrumentos de pesquisa com o material analisado. Isto é, não podemos confundir os meios com os fins. Uma entrevista com o professor é um meio (instrumento) para saber qual a sua formação na área que atua (finalidade).
Sim, são muitas informações. Como dissemos, quanto mais detalhada for a Metodologia, melhor. Mas não acaba por aí, antes de finalizar o capítulo, precisamos apontar os Procedimentos utilizados: qual a ordem das etapas realizadas? Lembrem-se da receita do bolo, se está escrito "ferver o leite e depois misturar a massa" e você fizer o contrário... adeus bolo! Nos Procedimentos, sempre sugerimos uma pequena explicação do passo a passo e, em seguida um quadro resumindo tudo. Acreditamos que isso torna o texto mais apresentável. E atenção: não esqueça da pequena conclusão do capítulo!





Monografias



Muitos cursos superiores exigem do aluno, como trabalho de término de curso, uma monografia. Entretanto, não raro, os alunos se encontram perdidos na hora de escrever esse gênero acadêmico. Ainda que haja várias obras sobre o assunto, poucas possuem uma linguagem clara para um iniciante. No intuito de contribuir com o tema oferecemos, aqui, algumas sugestões que podem ser úteis


por Edmar Cialdine*



CAPÍTULO DE ANÁLISES
Eis o seu grande momento, a análise dos dados coletados. É nesse capítulo que você expõe sua voz, suas opiniões, observações etc. No capítulo teórico são as vozes dos autores, das teorias que prevalecem. Já no capítulo metodológico é a necessidade da própria pesquisa que dita as regras... mas nas Análises (dentro de um bom senso) quem manda é você! Divida bem as seções, faça uma introdução e conclusão desse capítulo, discuta com seu orientador suas reflexões, compare sempre com os teóricos e pesquisas apontados antes, mas não perca o foco do trabalho: não esqueça que você levantou questões de pesquisa que precisam ser respondidas! Não se preocupe em dar conta de tudo, uma pesquisa de verdade nunca termina, apenas dá uma pausa. Para aqueles que, durante a pesquisa, mantiveram um diário de pesquisa[5], é chegada a hora de usar as observações e reflexões feitas.
Para aqueles que não fizeram, uma forma de começar seria escrevendo livremente sobre o que percebeu durante a pesquisa feita. Observações e reflexões pessoais são bemvindas nesse primeiro momento. Contudo, é preciso que, a medida que o capítulo for sendo desenvolvido e reescrito, ele seja direcionado para seus objetivos de pesquisa. E não deixe de, ao final, fazer a conclusão do capítulo.
SUGESTÕES DE LEITURA
Há muitas obras sobre pesquisa, metodologia de pesquisa e produção de gêneros acadêmicos. Iremos aqui sugerir duas que se destacam por fugir um pouco do lugar comum.
Reprodução
Reprodução
A primeira delas é o livro Dissertação não é bicho papão: desmitificando monografias, teses e escritos acadêmicos, da editora Rocco. Nesse livro, a autora, Simone Pessoa, trata do tema em uma linguagem leve e extremamente acessível. Uma excelente leitura para quem acha que produzir uma monografia é algo impossível. A segunda sugestão é Planejar gêneros acadêmicos de autoria de Anna Rachel Machado, Eliane Lousada, Lília Abreu-Tardelli, publicado pela Parábola editorial. O interessante desse livro é que ele trata do assunto de forma prática: através de exercícios que abordam desde a escolha do tema até a revisão final. Uma obra extremamente didática.

CONCLUSÕES
Por mais contraditório que posso parecer, suas conclusões não precisam ser conclusivas. Você não precisa fechar o assunto. Um bom pesquisador reconhece as limitações de seu trabalho e são essas limitações que fazem com que ele continue pesquisando. Aliás, muitas vezes, ao final de um longo trabalho de pesquisa sobram muito mais perguntas que respostas.
Após a introdução desse capítulo, faça uma síntese de todo o trabalho feito; retome as questões de pesquisa e exponha as possíveis respostas que você encontrou; aponte as dificuldades que você teve e como essa pesquisa contribuiu com sua formação e como ela pode contribuir com a formações de outras pessoas. Finalize com perspectivas futuras para o tema, isto é, propostas de temas de pesquisas que você pensou durante o processo, mas que não pôde fazer.

ANEXOS, APÊNDICES E OBSERVAÇÕES FINAIS
Às vezes seu trabalho pode exigir que você acrescente materiais utilizados e/ou encontrados, que são os Anexos e Apêndices. Alguns diferenciam o primeiro do segundo por este ser um material produzido pelo autor e aquele apenas um material utilizado. Se você fez entrevistas com alguém, você deve ter as transcrições dessas entrevistas; se você promoveu uma oficina, os planos de aula e atividades etc. Acreditamos que todo material é válido, até porque pode ser reaproveitado em alguma pesquisa futura. No entanto, cabe a você com o orientador decidir a necessidade ou não de acrescentar esse material.
Por fim, não deixe de fazer uma revisão de seu texto, ou melhor, pedir para que alguém o faça. Chega um momento que estamos tão cansados de tanto ler e reler que não conseguimos mais ver os problemas dentro do texto. Mantenha uma certa formalidade na língua, não use marcas de oralidade e tenha atenção às normas exigidas. Acredito que, com isso, você poderá ter uma ideia de como começar a fazer sua Monografia.

[1] É preciso que o aluno tenha conhecimento das normas adotadas em seu curso/ universidade. Muitas vezes, é recomendado o uso da ABNT mais recente, contudo, não raro, as universidades possuem seu próprio guia de normas para publicação de trabalho, geralmente disponível no site da universidade. Vale a pena verificar a informação com o orientador, professor da disciplina ou mesmo com o bibliotecário geral.
[2] Muitos confundem "tema", "delimitação do tema" e "título". O tema é a área de pesquisa que você está trabalhando, por exemplo Leitura, Linguística cognitiva etc; dentro dessa área, muito pode ser pesquisado e, portanto, merece ser especificado, então você delimita. Já o título, como costumamos dizer, é o "nome de fantasia", o nome que você pode usar para "vender o seu peixe". Você pode, inclusive, usar a delimitação do tema como título ou criar um que chame a atenção.
[3] É necessário que todos os capítulos devem ter uma pequena introdução, uma prévia do que será tratado para que o leitor se situe no capítulo e entenda como esse capítulo se relaciona com os demais; e uma conclusão (uma síntese, uma relação com o capítulo seguinte etc). Isso é válido para todos os capítulos.
[5] Diários de pesquisa são diários em que registramos nossos cotidiano de pesquisa: as descobertas, reflexões pessoais, passo a passo... tudo que nos ocorre durante o percurso de pesquisa. São extremamente úteis na hora de fazermos um relatório final de pesquisa, já que grande parte do que foi escrito nesses diários podem ser aproveitados. Sendo um diário pessoal, a grande vantagem é sua liberdade criativa, não há limites para o que possa ser escrito em um diário desse tipo.

*Francisco Edmar Cialdine Arruda é professor da Universidade Regional do Cariri, mestre em Linguística aplicada pela Universidade Estadual do Ceará e pesquisador do Grupo de Pesquisa em Lexicografia, Terminologia e Ensino (LETENS) e do Núcleo de Pesquisas em Linguística Aplicada (LiA), atuando principalmente com os temas Terminologia, Lexicografia, Surdez, Multimodalidade e Estudos clássicos. Contato: ed0904@gmail.com. Blog: www.cialdinearruda.blogspot.com.



















Sintaxe

Coordenação X Subordinação



Entender o processo de coordenação e subordinação e explicar o funcionamento das orações subordinadas adjetivas explicativas fica muito mais lógico pela ótica da sintaxe


Por Prof. Leo Ricino




Sempre pergunto a meus alunos qual é a diferença entre orações coordenadas e subordinadas. Invariavelmente, a resposta é que as primeiras são independentes, e, as segundas, dependentes.
Ora, quando se começa a operar a sintaxe, que é a movimentação das palavras do eixo paradigmático para o sintagmático com a finalidade de gerar sentido, semântica, todas as palavras estabelecem, entre seus pares sintagmáticos, uma indissociável subordinação. Ou seja, na sintaxe, a relação entre as palavras quando contraem funções é de subordinação. Assim, se digo “A menina vendia doces na praia”, todas as palavras dessa oração estão em relação de absoluta subordinação, quer sintática, quer semântica. E fonética, se a frase for falada.
É fácil confirmar essa asserção: quando empregamos o artigo A, ele necessariamente precisará do substantivo a que se refere (menina) e ao qual é subordinado e ambos formam um sintagma nominal, contraindo a função de sujeito, sintagma que exige, pois, a presença do predicado (“vendia doces na praia”). Ao usarmos o verbo “vender” como núcleo do predicado, ele exige aqui o seu complemento, o objeto direto, no caso “doces”. Como o fato principal (“vender doces”) é de sentido amplo (por exemplo, onde?, quando?), é muito conveniente, para completar a informação, que venha acompanhado de um fato secundário, a circunstância. No caso de nossa oração, veio a circunstância de lugar, representada pelo adjunto adverbial “na praia”, o qual, dentro de si, já traz subordinação do artigo ao substantivo, além da subordinação do próprio adjunto ao verbo “vender”.
Como se percebe, subordinação absoluta dentro da sintaxe.


O “AMOR” ENTRE AS PALAVRAS
A relação subordinante-subordinado é indispensável na sintaxe, nas contrações de funções pelas palavras, quer no período simples, quer no composto. Sem essa contração, essa simbiótica relação vocabular, a sintaxe não cumpriria seu objetivo: gerar sentido. Gladstone Chaves de Melo acha estranho que haja atração (e, no caso, subordinação) entre elementos virtuais, quando analisa e rebate, em sua ótima Gramática Fundamental da Língua Portuguesa, Ed. Livraria Acadêmica, Rio de Janeiro, 2. ed, 1970, p. 373, com certo inconformismo, o problema da atração de certas palavras a pronomes oblíquos:
“Ora, uma palavra não pode atrair outra, porque, uma vez pronunciada, deixa de existir, ao passo que a outra, a supostamente atraída, ainda não existe. Isto, sem considerar que palavra é acidente de acidente, momentâneo resultado da passagem do ar pelos órgãos articuladores em determinada momentânea posição.”
O grande mestre levou em consideração apenas a atração oral, mas o fato é que, apesar da estranheza dele por essa atração “virtual”, há mesmo, no campo da fala, atrações entre o que existe e o que ainda vai existir, e vice-versa. Digamos que seja algo que ocorre lá no pensamento — abstrato, portanto — e jorra para o real, para o concreto, para o sonoro. Mas é preciso levar em conta também a atração gráfica. É só percebermos o verdadeiro papel de potente ímã que as palavras de sentido relativo exercem sobre as palavras que lhe serão complementos. Ou a atração que o substantivo exerce sobre artigos, adjetivos, pronomes etc. Há, entre as palavras, uma relação de amor infinito. Ou seja, uma palavra não tem vida nem utilidade sem as demais palavras.
Mesmo uma simples palavra afixada sobre, digamos, um frasco esclarecendo o seu conteúdo, “ácido”, por exemplo, só sobreviverá se, ao lermos, fizermos toda a cadeia de decodificação para entendermos: “aqui tem ácido e isso representa perigo, é preciso cuidado” etc. E essa decodificação é feita, como se viu, por muitas outras palavras. Amor, a atração das atrações, por ser inquestionável, é mesmo a palavra que define a relação entre as palavras.

A DIFERENÇA ENTRE SUBORDINADAS E COORDENADAS
Visto isso, qual a diferença entre orações subordinadas e coordenadas? A diferença básica é que as orações subordinadas são (exercem) funções sintáticas dentro da oração principal, e as coordenadas não exercem funções sintáticas.
AS FUNÇÕES SINTÁTICAS DAS ORAÇÕES SUBORDINADAS
De acordo com a NGB (Nomenclatura Gramatical Brasileira), as orações substantivas exercem, dentro da oração principal, as seguintes funções sintáticas: sujeito, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, predicativo e aposto; enquanto as orações subordinadas adverbiais funcionam como adjunto adverbial dentro da oração principal; e as orações subordinadas adjetivas exercem a função sintática de adjunto adnominal.






Coordenação X Subordinação


Entender o processo de coordenação e subordinação e explicar o funcionamento das orações subordinadas adjetivas explicativas fica muito mais lógico pela ótica da sintaxe


Por Prof. Leo Ricino



Numa sequência como “Chegamos cedo, tomamos um cafezinho, conversamos sobre política e futebol e, finalmente, fomos trabalhar”, temos quatro orações coordenadas, porque nenhuma delas exerce função sintática dentro de outra. Mas é claro que, entre elas, há uma dependência semântica (além da dependência sintática entre as funções que existem dentro de cada oração), sem a qual não transmitiríamos essa informação.
Já em “Tenho medo de que ele sucumba”, temos duas orações, a primeira, chamada principal, é “Tenho medo”, cujo sujeito é “eu”, oculto, o verbo é transitivo direto e tem como obje­to direto a palavra “medo”. Esse substantivo “medo” é palavra de sentido relativo e solicita um complemento nominal, que é a oração “de que ele sucumba”. Portanto, essa oração é subordinada por exercer a função de complemento nominal do termo “medo” dentro da oração ante­rior, que lhe é principal porque um dos seus termos a tem como complemento nominal. A omis­são da preposição, possível por se tratar de oração, não muda sua função sintática. Ou seja, em “Tenho medo que ele sucumba”, a oração “que ele sucumba” continua sendo complemento nominal do substantivo “medo”, que, por sua vez, é o núcleo do objeto direto do verbo “tenho”.
Nomenclatura Gramatical Brasileira
Criada em 1958, a Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB) representou um grande avanço no ensino do Português no Brasil ao padronizar padronizações e classificações. Até então, cada gramático utilizava denominações próprias para as funções sintáticas, orações subordinadas e classes gramaticais — o objeto indireto, por exemplo, também era chamado de “complemento terminativo” ou “complemento relativo” —, o que tornava quase impossível a homogeneidade no ensino de gramática. A NGB foi desenvolvida por uma comissão de grandes estudiosos da época (como Antenor Nascentes, Rocha Lima e Celso Cunha) e estabeleceu uma divisão esquemática dos conteúdos gramaticais, unificando e fixando a nomenclatura a ser usada pelos professores no ensino escolar. Em 1959, o governo de Juscelino Kubitschek, numa portaria recomendou sua adoção em todo o território nacional.

ADJETIVOS E ORAÇÕES ADJETIVAS RESTRITIVAS E EXPLICATIVAS

Antes da reforma gramati­cal imposta pela Nomenclatura Gramatical Brasileira, em 1959, os adjetivos também eram classificados em restritivos e explicativos. É fácil notar a dife ­rença, por exemplo, do adjetivo FRIO quando se relaciona a gelo ou a mão, e do adjetivo ESCURO quando se refere a noite ou a pele. Necessariamente todo gelo é frio e toda noite é escura, mas nem toda mão é fria nem toda pele é escura.
No primeiro caso (gelo frio e noite escura), os adjeti­vos são meros epítetos, meros qualificadores e não elementos distintivos de substantivos de mesma espécie. Eram classifica­dos como adjetivos explicativos. Já no segundo caso (mão fria e pele escura), os adjetivos não só qualificam como também distin­guem os respectivos substanti­vos, uma vez que nem toda mão é fria, nem toda pele é escura. Eram classificados como adjeti­vos restritivos.
Essa classificação desapare­ceu para os adjetivos, mas foi mantida para as orações subor­dinadas adjetivas, que funcionam como adjunto adnominal, geral­mente do termo que antecede o pronome relativo. Quando tra­balhamos com orações subordi­nadas adjetivas restritivas, essa constatação da função delas como adjunto adnominal não é problemática. Mais difícil é achar e aceitar a função de adjunto ad­nominal de uma explicativa.
Em “O gol que a Holanda marcou desmontou a seleção brasileira”, não fica nenhuma dúvida de que a oração em des­taque é adjunto adnominal do substantivo “gol” da oração ante­rior, qualificando e distinguindo o gol holandês de outro gol qual­quer. Há nessa oração a grande força distintiva do adjetivo nesse
papel. A oração “que a Holanda marcou” pode até ser substituída pelo adjetivo holandês, “O gol holandês”, como fiz logo acima.

Porém, em “O gol, que é a alegria e a tristeza no futebol, embeleza ainda mais o espetáculo”, a oração destacada é adjetiva explicativa e atua apenas como um epíteto, um mero qualificador, isto é, não distingue esse gol de outro gol. Sua função sintática é tão de adjunto adnominal como a do adjetivo frio na frase “O gelo frio eriçava ainda mais os pelos de sua perna”. Só que no caso do período em estudo, a oração se separa do substantivo a que se refere pelas vírgulas, por dois basilares motivos. Primeiro, por ser oração explicativa e, apesar de exercer função sintática, é meramente intercalada, ou seja, algo que se coloca no meio de outra oração para algum esclarecimento, alguma qualificação; segundo, pela necessária ênfase que esse esclarecimento traz na sua essência, responsável pela informação implícita.

E não pode ser retirada do texto, como alguns professores ensinavam antigamente, porque sua omissão desvirtuaria a informação implícita que há nas orações adjetivas. Explicitamente, isto é, na superfície do texto, informa-se que o gol embeleza o espetáculo e que é a alegria ou a tristeza no futebol. Implicitamente a oração adjetiva nesse texto mostra que qualquer gol provoca alegria ou tristeza, não há distinção. Na oração anterior, explicitamente informa-se que a seleção brasileira sofreu um gol e que esse gol a desarticulou. Implicitamente a oração adjetiva distingue o gol holandês de outro gol qualquer, não foi outro gol que desmantelou nossa seleção, mas o holandês. Em outras palavras, as orações adjetivas também dizem nas entrelinhas, no não dito. São, pois, indispensáveis.





 AS ADJETIVAS EXPLICATIVAS E A CAUSA
Os usuários que tenham, no mínimo, razoável competência linguística perce­bem que boa parte das adjetivas explica­tivas apresenta um leve sabor de causa em relação ao que ocorre na oração prin­cipal. Não, não, não são orações adver­biais causais. Apenas nos fazem sentir essa breve sensação de causa, sem ser a causa. Vejamos alguns exemplos:
“O gol, que é a alegria e a tristeza no futebol, embeleza ainda mais o espetáculo.” (O gol, porque é a alegria e a tristeza no futebol, embeleza ainda mais o espetáculo). Com a adjetiva, apenas esclarecemos o papel embelezador do gol e apenas sugerimos a causa; com o segundo exemplo, “porque é a alegria e a tristeza no futebol”, nossa inten­ção é realmente mostrar a causa do embele­zamento do espetáculo pelo gol. Essa mesma explicação vale para os exemplos abaixo.
“Deus, que é nosso pai, perdoa nossos pecados.” (Deus, por ser nosso pai,...).
“As emissoras de São Paulo, que deram a falsa notícia, serão punidas.” (As emissoras de São Paulo, porque deram a falsa notí­cia,...)
Aliás, na oração que demos acima com adjetivo explicativo, “O gelo frio eri­çava ainda mais os pelos de sua perna”, também se pode sentir esse saborzinho de causa no adjetivo frio: “O gelo, por ser frio, eriçava ainda mais os pelos de sua perna”. Se colocássemos esse adjeti­vo entre vírgulas, o saborzinho passaria já a sabor. Só que agora o adjetivo pode ser percebido de duas maneiras: 1) com a mesma função de mero adjunto adno­minal do substantivo qualificado, ou 2) como a parte visível de uma ora- ção adverbial causal: “O gelo, frio, eriçava ainda mais os pelos de sua perna”, ou seja, “O gelo, por ser frio, eriçava ainda mais os pelos de sua perna”.

Semântica
Semântica foi o tema da capa da edição 25 da CONHECIMENTO PRÁTICO LÍNGUA PORTUGUESA, em texto assinado por Edmilson José Sá, que inicia o texto explicando: “Desde os escritos do pai da Linguística, Ferdinand de Saussure, o conceito de significado figura entre os elementos-chave na reflexão linguística. De tão importante, ele ganhou até um ramo próprio para seu estudo. É a Semântica, que se preocupa justamente com os sentidos adquiridos pelas palavras ou lexias ou pelos seus agrupamentos.”

Como se pode ver, há um insubstituível papel da morfologia e da sintaxe. A morfologia é a matéria-prima manipulada pela sintaxe para, ao combinar as palavras, fazê-las contrair funções e gerar o terceiro elemento do tripé: a semântica . Agora, como essa semântica é demonstrada como resultado dessa contração é questão de estilo individual, é papel da estilística.


AS ADJETIVAS E O APOSTO

Não por acaso o adjunto adnominal e o aposto são funções acessórias na sintaxe. Que fique claro aqui que acessório em linguagem não é como um acessório num carro. Em linguagem, o acessório é tão importante e tão indispensável quanto o essencial e o integrante. Por exemplo, nos nomes de ruas, cidades ou outros elementos geográficos, temos um núcleo e um aposto, mas não podemos separar um do outro. Assim, em Avenida São João, o “São João” é aposto de avenida e não pode, de forma alguma, ser separado por vírgula ou suprimido.
Sabemos que um substantivo é modificado pelos seus adjetivos (artigo, adjetivo, numeral e pronome), que funcionam como adjuntos adnominais na mesma função sintática em que esse substantivo é o núcleo.
Porém, às vezes, essa força adjetiva é exercida por outro substantivo, ou seja, na mesma função sintática há um núcleo substantivo e outro substantivo acrescentando uma ideia acessória qualquer a esse núcleo. A esse papel de um substantivo atuando como adjetivo e exercendo a função sintática de adjunto adnominal, por causa da hierarquia (substantivo é sempre igual a outro substantivo em termos hierárquicos) é que se dá o nome de APOSTO, ou seja, colocado um ao lado do outro. Em outras palavras, o aposto é a função adjunto adnominal exercida por substantivo.

Em outras palavras, as orações adjetivas também dizem nas entrelinhas, no não dito. São, pois, indispensáveis.
CAUSA: NEM TODAS SÃO IGUAIS...
É bom esclarecer que há adjetivas explicativas que não apresentam esse saborzinho de causa. Em “O jovem, que esteve aqui hoje cedo, é o novo médico da família.”, frase só possível se o referido jovem for o assunto da conversa entre o locutor e o interlocutor, a adjetiva explicativa destacada não passa o mesmo sabor de causa dos exemplos anteriores, uma vez que o jovem não é o novo médico por ter estado lá (aqui) hoje cedo.
E, como as anteriores, não pode ser dispensada porque sua informação implícita mostra um jovem conhecido do locutor e do interlocutor, portanto, não distintiva. Essa mesma oração sem as vírgulas (“O jovem que esteve aqui cedo é o novo médico da família.”) passa a ser restritiva porque acrescenta a informação implícita distintiva, isto é, distingue esse jovem de outro e necessariamente representa um contexto diferente da oração anterior, entre vírgulas.





Coordenação X Subordinação


Entender o processo de coordenação e subordinação e explicar o funcionamento das orações subordinadas adjetivas explicativas fica muito mais lógico pela ótica da sintaxe


Por Prof. Leo Ricino



E é por isso também que o aposto pode ser, como as orações adjetivas, restritivo ou explicativo. Se dizemos, em 2010, “O presidente do Brasil, Lula, viajou bastantes vezes ao exterior”, o substantivo Lula, exercendo o papel de adjunto adnominal, recebe o nome de aposto, exatamente por ser substantivo modificando substantivo, e é explicativo porque não distingue esse presidente de outro presidente. Em 2010, o presidente do Brasil era mesmo o Lula.
Porém, em qualquer momento, se dizemos “O ex-presidente do Brasil Fernando Henrique Cardoso também viajou bastantes vezes ao exterior”, o substantivo Fernando Henrique Cardoso, exercendo o mesmo papel de adjunto adnominal e também pelos mesmos motivos acima, é chamado de aposto, só que agora restritivo, porque distingue esse ex-presidente dos demais ex-presidentes. E é por isso que Lula, aposto meramente explicativo, está e deve vir entre vírgulas, e Fernando Henrique Cardoso, aposto distintivo, não está e não pode ser colocado entre vírgulas. Se o colocássemos entre vírgulas, mudaríamos a informação implícita e diríamos a nosso ouvinte/leitor que, desde 1889, só há um ex-presidente, o que é absolutamente falso.
Resta aqui enfatizar que num texto podemos captar informações explícitas e implícitas, ou seja, lemos as linhas e as entrelinhas. Na superfície do texto, ou seja, nas linhas, captamos as informações explícitas; no profundo do texto, ou seja, nas entrelinhas, no não-dito, captamos as informações implícitas. E as orações adjetivas atuam fortemente nas duas linhas, razão por que é preciso realmente tomar cuidado com a pontuação, para que não se desvirtuem as informações implícitas.

CONFUSÃO ENTRE ORAÇÃO ADJETIVA E ORAÇÃO APOSITIVA
Esclarecido isso, e para encerrar, podemos tratar agora de uma confusão plausível entre oração subordinada adjetiva e oração subordinada substantiva apositiva. Essa confusão é possível porque o aposto, como vimos, é de fato um adjunto adnominal, só que exercido por substantivos ou equivalentes.
Vejamos como são semelhantes os fatos expressos nos dois períodos abaixo:
A ideia que ele nos deu acrescerá muito a nosso objetivo de lazer.
A ideia dele, que viajássemos a Portugal, acrescerá muito a nosso objetivo de lazer.
A primeira, equivalente ao adjetivo particípio DADA (“A ideia dada acrescerá muito a nosso objetivo de lazer”) é adjetiva restritiva e funciona como adjunto adnominal do substantivo “ideia” da oração principal. A segunda, equivalente à expressão substantiva “uma viagem a Portugal”, é substantiva apositiva, pois equivale a um substantivo (viagem) esclarecendo outro substantivo (ideia). No primeiro caso, podemos substituir o “que” por “a qual”; na segunda, o que ocorre por parte do ouvinte/leitor é uma pergunta sobre algo que precisa ser esclarecido. A pergunta é: “que ideia?”. A resposta é um aposto: “A ideia dele, uma viagem a Portugal, acrescerá muito a nosso objetivo de lazer”. Mas, como ela é expressa por uma oração, temos oração subordinada substantiva apositiva. E isso também já desmonta aquela asserção de que as orações apositivas vêm somente depois de dois pontos.
Como se vê, nossa língua apresenta tantos caminhos e soluções que jamais poderá ter a exatidão matemática ou física. As linhas, entrelinhas e meandros de um texto provocam discursos sempre à espera de que lhes captem as minúcias. Um usuário competente sabe manejá-la e atingir seus objetivos.



*Professor Leo Ricino é mestre em Comunicação e Letras, instrutor na Universidade Corporativa Ernst & Young, professor na Fecap e ministra cursos no Sinpro – Sindicato dos Professores de São Paulo.



















Etimologia

Etimologia


Latim

E o Latim não morreu!



Os enganos mais frequentes no uso corriqueiro da língua portuguesa e como evitá-los


por Carla Mª Cunha e Gisélia Evangelista de Sousa


Oriundo da região do Lácio , em Roma, o latim deu origem às línguas românicas, dentre as quais o português - "A última flor do Lácio, inculta e bela", nas palavras do poeta Olavo Bilac . Atualmente, é considerado por muitos uma língua morta. Contrariando tal opinião, pensemos em algumas palavras e expressões latinas, principalmente as utilizadas nos produtos de consumo, que não somente continuam vivas, mas também fazem parte do nosso cotidiano.
Há quem diga que o latim é uma língua morta e que ninguém mais fala a lingua mater. A priori tal informação procede, visto que a "falecida" não é idioma oficial de nenhum país, com exceção do Vaticano. Porém, se prestarmos um pouco de atenção às marcas de muitos produtos que consumimos, veremos que ela não foi sepultada por completo, pelo contrarius, permanece viva e faz parte do nosso curriculum vitae. Então, mostraremos aqui que, em meio ao turbilhão de anglicismo, o marketing conseguiu ressuscitar o latim.
Para fazer um retrato em lato sensu desta realidade, gostaríamos de escrever um artigo sui generis, mas, como é necessário ser magistra e regina no assunto, ter conhecimento sobre o tema é condição sine qua non para um texto analítico mais profundo. Isto não temos, portanto, ficaremos apenas com os produtos de consumo, resultado da pesquisa empírica nos supermercados. Se você, como nós, é um curioso do assunto, então: Vade mecum! Vamos às compras!
A região do Lácio remete aos latinos, povo do qual os romanos descendem e cujo idioma, o latim, tornou-se a língua formal do Império Romano, estende-se da cordilheira dos Apeninos, espinha dorsal da Península Itálica, ao mar Tirreno. Seu idioma foi amplamente difundido nos territórios sob o seu domínio. De enorme importância histórica e cultural, foi nesta região que Roma foi fundada; acredita-se que isso tenha se dado por volta do século VIII a.C.

Olavo Bilac (O. Braz Martins dos Guimarães B.), jornalista, poeta, inspetor de ensino, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 16 de dezembro de 1865, e faleceu, na mesma cidade, em 28 de dezembro de 1918. Um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, criou a Cadeira nº. 15, que tem como patrono Gonçalves Dias.
(fonte: Academia Brasileira de Letras)
Basta passarmos às vistas pelas prateleiras de lojas e mercados que iremos nos deparar com o latim ali, "vivinho da selva", ou melhor, da silva, estampado nas embalagens de diversos produtos. Você duvida? Então nos acompanhe. Na seção de doces, com certeza, encontraremos o chocolate Bis e obviamente perceberemos o apelo publicitário de que "quem come um pede Bis", numa clara menção ao seu significado: duas vezes. No entanto, até então, você desconhecia a origem deste vocábulo e não tinha relacionado tal marca com o tema em pauta. Agora você já sabe. Esta simples palavrinha é latina.
Ainda nesta seção podemos dizer que só as guloseimas nos deixam com um gostinho de "quero mais" e com a sensação de "tudo que é Bono dura pouco!".
Para aliviar a culpa pelas calorias adquiridas, passemos para a próxima área do mercado. Se você está meio fora de forma e almeja um Corpus Magnus (magnífico!) o latim aparece para te oferecer uma plus vita, comendo o saudável pão homônimo.
Para os que querem fazer um pouco de caritatis e querem ajudar as obras daquela que foi a irmã "doce" da Bahia, quer dizer, irmã Dulce, têm os produtos Dulce Natura.
Já na seção de bebidas, se você não aprecia aquelas com um teor de álcool mais elevado, certamente, não levará para casa o conhaque Domus, mas aquele que é fã de uma cervejinha gelada e não faz questão da "primeiro lugar" da mídia, já deve ter bebido a primeira latinizada: Primus.
Indo para a seção de higiene pessoal tem, para obter uma pele iluminada com muito "glamour" na hora do banho, o sabonete Lux Luxo, aliás, se quisermos iluminar o ambiente temos os fósforos Fiat Lux idem.
Os produtos da natureza que ajudam a cuidar da beleza ganham um charme maior quando o latim se apresenta. Então que tal a linha cosmética Natura? Percebeu quanto latim sai da nossa boca?
Em suma, cremos que esta pequena scriptura demonstra e prova com termos ipsis litteris que o latim está cada dia mais vivus em nossas vitae. No entanto, nessa sociedade consumista, para a nossa "letícia", o que seria optimum era um dia encontrar todos esses produtos gratis.


Carla Cunha e Gisélia Evangelista de Sousa são graduadas em Letras/Inglês da Universidade Salvador - UNIFACS. Tutoras de disciplinas EaD e semipresenciais da UNIFACS.