sábado, 13 de outubro de 2012

Monografia.

Reportagens


Gêneros Acadêmicos

Monografias



Muitos cursos superiores exigem do aluno, como trabalho de término de curso, uma monografia. Entretanto, não raro, os alunos se encontram perdidos na hora de escrever esse gênero acadêmico. Ainda que haja várias obras sobre o assunto, poucas possuem uma linguagem clara para um iniciante. No intuito de contribuir com o tema oferecemos, aqui, algumas sugestões que podem ser úteis


por Edmar Cialdine*


Divulgação / Shutterstock Images
Gêneros textuais são caracterizados por sua função sociocomunicativa e por sua estrutura mais ou menos fixa. Mais ou menos porque, ao mesmo tempo em que a estrutura se transforma segundo a necessidade do usuário, se tal estrutura se modificasse excessivamente, o usuário teria dificuldades em reconhecer o gênero e, consequentemente, sua leitura e compreensão poderia ser comprometida.
Apesar do status dos gêneros acadêmicos, eles não são exceções. Pelo contrário, às vezes é muito mais fácil escrever uma carta formal que fazer, por exemplo, uma resenha. Não raro, o formato de um gênero acadêmico segue as direções dadas pelo responsável que a pediu. Assim, ao escrever um artigo é preciso ficar atento às normas da revista; ao fazer um trabalho, ao professor; uma monografia, ao orientador e ao avaliadores. Claro que, ainda que haja diferenças, tais textos possuem partes em comum. Nesse sentido, resolvemos, aqui, apresentar algumas sugestões do que acredito que seja uma forma de estruturar um texto acadêmico, mais especificamente monografias. Importante que se diga que não é o objetivo desse texto ser taxativo - "faça assim", "esse é o jeito certo" - ao contrário, pretendemos ser uma contribuição a mais. Nesse sentido, baseamos esse texto em nossa experiência como leitor, orientador e produtor de monografias.
Antes de qualquer coisa, não é nosso objetivo tratar de normas[1] aqui, abordaremos os elementos textuais, o "miolo" da monografia. No entanto, sendo necessário poderemos mencionar algumas poucas coisas. Outro ponto é que seguiremos a quantidade de capítulos partindo da Introdução. Sim, tanto Introdução quanto Conclusões podem ser considerados capítulos. Desse modo teremos: Introdução, Fundamentação Teórica, Metodologia, Análises e Conclusões. Encerrarei com algumas observações finais sobre apêndices e anexos.

INTRODUÇÃO
Para muitos, começar um texto é tão torturante como tentar criar um novo hábito. Começamos de um jeito, de outro e outro... e geralmente não ficamos satisfeitos. Às vezes, contudo, depois que começamos, o difícil é terminar. A Introdução de um texto deve ser sua apresentação ao leitor, como quando nós nos apresentamos para alguém - e geralmente, causar uma primeira e boa impressão é essencial. Não é porque o texto é acadêmico que ele precisa ser chato e cansativo.
Sempre dizemos aos alunos que a principal diferença entre o Projeto de Pesquisa monográfica e a Monografia em si é a análise feita na Monografia. Grande parte do Projeto, vale ressaltar, vai parar na Introdução.
Se você está apresentando seu trabalho, é necessário deixar claro o que ele é. Começar fazendo um pequeno histórico sobre sua relação com o tema, por que o escolheu, qual a importância dele para você... é um bom início e você pode deixar claro que sua formação acadêmica se direcionou para o tema. A propósito, não deixe de esclarecer qual seu tema e, principalmente, a delimitação[2] dele.
Aos poucos você vai saindo de você para a academia, isto é, você vai deixando de escrever sobre a importância dele para você e passa a dissertar sobre a importância do tema para o universo acadêmico. Chegamos, assim à justificativa e problemática do tema. Explicite bem o problema que existe na área, a lacuna que seu trabalho se propõe a preencher total ou parcialmente.
Acrescente, logo após, as questões de pesquisa: o que você pesquisou sob a forma de perguntas. Essas questões de pesquisa podem ser vistas como a problemática resumidas sob a forma de perguntas. Não esqueça de uma coisa, seu objetivo será respondêlas e é de grande importância para o seu trabalho que essas questões sejam práticas e reais. Caso queira, acrescente possíveis respostas para tais questões (são as hipóteses). Geralmente, não aconselho um pesquisador iniciante trabalhar com hipóteses. O aluno pode ficar condicionado a querer prová-las e acabar comprometendo as análises. Todavia, cada um é cada um e cada pesquisa é única. Contudo, caso você apresente hipóteses, tenha a mente aberta para a possibilidade deles não serem confirmadas e tenha certeza que isso não diminui em nada seu trabalho.
Antes de concluir a Introdução, apresente seus objetivos (não deixe de relacioná-los com as questões de pesquisa). Seu trabalho terá tantos objetivos quantos forem suas questões de pesquisa. É comum eles se dividirem em objetivo geral e específicos - mas isso não é uma regra, você pode apresentar apenas "objetivos" sem especificar nada. O objetivo geral é o ponto que você quer chegar, o principal objetivo do seu trabalho - ele parte da principal questão de pesquisa; já os específicos são secundários e nascem a partir das demais questões. Imagine um guarda-chuva: a haste central é o objetivo geral, as demais, os específicos.
Para concluir[3] a Introdução, é de praxe detalhar a estrutura da Monografia: quantos capítulos e do que trata cada um.
Importante lembrarmos que, quando estamos produzindo o texto, a Introdução geralmente é a última parte, já que ela depende de todo o resto do texto. Então, se você começou por ela, não tem problema; mas fique ciente que, possivelmente, terá que fazer modificações.




Monografias



Muitos cursos superiores exigem do aluno, como trabalho de término de curso, uma monografia. Entretanto, não raro, os alunos se encontram perdidos na hora de escrever esse gênero acadêmico. Ainda que haja várias obras sobre o assunto, poucas possuem uma linguagem clara para um iniciante. No intuito de contribuir com o tema oferecemos, aqui, algumas sugestões que podem ser úteis


por Edmar Cialdine*



CAPÍTULO TEÓRICO
 
Divulgação / Shutterstock Images
No que se refere ao capítulo de fundamentação teórica, interessante começar apontando como essa parte da Monografia se organiza. Você também pode (e deve) ativar o conhecimento prévio do seu leitor indicando as principais referências de seu trabalho, como em um resumo. Explicando melhor: se nesse capítulo a Linguística for o foco e você mencionar Saussure logo de início, o leitor saberá que você está seguindo uma linha de raciocínio estruturalista, mas, se você mencionar Halliday, ele saberá que sua perspectiva é de base sistêmico-funcional. Claro?
O ideal é que toda teoria de seu trabalho se encaixe em um único capítulo, ainda que você trate de pontos diferentes. Nesse sentido, uma organização em seções e subseções tornará o seu texto mais organizado. Outro ponto importante: se você, no Projeto da Monografia, desenvolveu bastante a teoria de sua pesquisa, aqui, na Monografia, apenas uma revisão rápida poderá ser o suficiente. Todo trabalho a mais que você teve no Projeto reduzirá seu trabalho na Monografia.
Organize cada teoria utilizada em uma seção, veja quem a desenvolveu, seus principais pesquisadores, os conceitoschaves da teoria. Esta é uma excelente forma de desenvolver um capítulo
No capítulo teórico, o objetivo é deixar claro todos os autores, conceitos e teorias chave que serão utilizados na hora de analisar os dados coletados. Não faz sentido, assim, você tratar de teóricos e teorias que não lhe serão úteis na análise. Por exemplo, se seu trabalho trata da língua portuguesa no século XVIII, não faria sentido falar sobre gêneros digitais. Organize cada teoria utilizada em uma seção, veja quem desenvolveu tais teorias, quais pesquisadores trabalham com elas e, principalmente, defina os conceitos chave dessas teorias: está pesquisando sobre Letramento? O que é Letramento? O que não é? Quem define assim? Quem assume essa mesma posição? Qual a sua posição? Traçar um histórico sobre as teorias, seus objetos de estudos e metodologias de pesquisa e resenhar algumas pesquisas já feitas é uma ótima forma de desenvolver o capítulo. Mas não esqueça, evite fazer julgamentos e análises - não é a sua voz que se manifesta aqui, mas a voz dos autores. Guarde suas opiniões para o momento certo: as análises!

CAPÍTULO METODOLÓGICO
Quando elaboramos o Projeto da Monografia, é esse o capítulo mais importante. É quando escrevemos como pretendemos pesquisar. Contudo, à medida que começamos o trabalho de pesquisa, comumente modificamos o que planejamos por conta de imprevistos.
Na Monografia, com a pesquisa já finalizada, podemos comparar o que tínhamos em mente com o que realmente fizemos. Aliás, uma primeira sugestão para desenvolver esse capítulo é essa: um pequeno relatório sobre como a pesquisa foi planejada e como foi feita na prática.
Para aqueles que tiveram dificuldades em fazer essa parte no Projeto, é preciso perceber que, a metodologia de uma pesquisa é o como será feita a pesquisa (na Monografia como foi feita). Da mesma forma que uma receita de bolo, quanto mais detalhada for a metodologia, melhor. Imagine que ela deve ser descrita de tal forma que qualquer pessoa que ler seu trabalho possa ter condições de reproduzi-lo passo a passo com o objetivo de ter resultados aproximados.
É claro que, como cada pesquisa é uma pesquisa, as necessidades metodológicas divergem muito, por isso o capítulo de Metodologia costuma ser diferente para as diferentes pesquisas.
Logo após a introdução desse capítulo, precisamos especificar o Tipo de pesquisa ou Natureza de pesquisa, essa é a primeira e fundamental parte. Uma pesquisa bibliográfica não terá necessidade de ir à campo, assim como em um estudo de caso, é necessário uma análise extensa - cabe aqui uma leitura sobre os tipos de pesquisa que existem, um bom livro de metodologia pode detalhar isso bem[ vide box ].
Além da Natureza de pesquisa, há o Universo de pesquisa. Este é o ambiente em que se dará todo o trabalho: uma escola, uma comunidade etc. e não esqueça de detalhar sobre esse Universo. A partir dele você terá as pessoas envolvidas com a pesquisa, isto é, os Sujeitos da pesquisa. Se seu Universo é a escola X, então quem são seus Sujeitos? Os professores de Inglês do nono ano? Os alunos que apresentam dislexia? Os intérpretes de línguas de sinais? Claro que você deve detalhar como esses Sujeitos participaram de sua pesquisa.
Além da natureza da pesquisa, há o universo de pesquisa: é neste que se dará todo o trabalho, que pode ser realizado numa escola, comunidade, etc. Este universo deve ser detalhado e é partir dele que você terá as pessoas envolvidas com a pesquisa - os sujeitos de pesquisa da sua monografia
É do Universo e dos Sujeitos que iremos retirar os dados, mas às vezes, nem todos os dados coletados serão utilizados. Você pode retirar uma amostra, por exemplo. E a pergunta agora seria: qual o critério que você utilizou para selecionar esses materiais? Então, o Critério de Seleção do Corpus precisa ser esclarecido também - ainda que ele seja escolhido aleatoriamente: apenas as redações com notas abaixo da média; ou as aulas observadas em que o professor usa o dicionário; ou as obras literárias produzidas nos últimos dez anos... enfim, seja qual for seu critério, explicite-o.
A propósito, para coletar esses dados, geralmente utilizamos alguns meios e tais meios precisam ser esclarecidos também. São os Instrumentos de pesquisa. Uma entrevista, um questionário, um curso ou oficina... tudo que servir de forma para coleta, armazenagem e tratamento dos dados. É importante que não se confunda os instrumentos de pesquisa com o material analisado. Isto é, não podemos confundir os meios com os fins. Uma entrevista com o professor é um meio (instrumento) para saber qual a sua formação na área que atua (finalidade).
Sim, são muitas informações. Como dissemos, quanto mais detalhada for a Metodologia, melhor. Mas não acaba por aí, antes de finalizar o capítulo, precisamos apontar os Procedimentos utilizados: qual a ordem das etapas realizadas? Lembrem-se da receita do bolo, se está escrito "ferver o leite e depois misturar a massa" e você fizer o contrário... adeus bolo! Nos Procedimentos, sempre sugerimos uma pequena explicação do passo a passo e, em seguida um quadro resumindo tudo. Acreditamos que isso torna o texto mais apresentável. E atenção: não esqueça da pequena conclusão do capítulo!





Monografias



Muitos cursos superiores exigem do aluno, como trabalho de término de curso, uma monografia. Entretanto, não raro, os alunos se encontram perdidos na hora de escrever esse gênero acadêmico. Ainda que haja várias obras sobre o assunto, poucas possuem uma linguagem clara para um iniciante. No intuito de contribuir com o tema oferecemos, aqui, algumas sugestões que podem ser úteis


por Edmar Cialdine*



CAPÍTULO DE ANÁLISES
Eis o seu grande momento, a análise dos dados coletados. É nesse capítulo que você expõe sua voz, suas opiniões, observações etc. No capítulo teórico são as vozes dos autores, das teorias que prevalecem. Já no capítulo metodológico é a necessidade da própria pesquisa que dita as regras... mas nas Análises (dentro de um bom senso) quem manda é você! Divida bem as seções, faça uma introdução e conclusão desse capítulo, discuta com seu orientador suas reflexões, compare sempre com os teóricos e pesquisas apontados antes, mas não perca o foco do trabalho: não esqueça que você levantou questões de pesquisa que precisam ser respondidas! Não se preocupe em dar conta de tudo, uma pesquisa de verdade nunca termina, apenas dá uma pausa. Para aqueles que, durante a pesquisa, mantiveram um diário de pesquisa[5], é chegada a hora de usar as observações e reflexões feitas.
Para aqueles que não fizeram, uma forma de começar seria escrevendo livremente sobre o que percebeu durante a pesquisa feita. Observações e reflexões pessoais são bemvindas nesse primeiro momento. Contudo, é preciso que, a medida que o capítulo for sendo desenvolvido e reescrito, ele seja direcionado para seus objetivos de pesquisa. E não deixe de, ao final, fazer a conclusão do capítulo.
SUGESTÕES DE LEITURA
Há muitas obras sobre pesquisa, metodologia de pesquisa e produção de gêneros acadêmicos. Iremos aqui sugerir duas que se destacam por fugir um pouco do lugar comum.
Reprodução
Reprodução
A primeira delas é o livro Dissertação não é bicho papão: desmitificando monografias, teses e escritos acadêmicos, da editora Rocco. Nesse livro, a autora, Simone Pessoa, trata do tema em uma linguagem leve e extremamente acessível. Uma excelente leitura para quem acha que produzir uma monografia é algo impossível. A segunda sugestão é Planejar gêneros acadêmicos de autoria de Anna Rachel Machado, Eliane Lousada, Lília Abreu-Tardelli, publicado pela Parábola editorial. O interessante desse livro é que ele trata do assunto de forma prática: através de exercícios que abordam desde a escolha do tema até a revisão final. Uma obra extremamente didática.

CONCLUSÕES
Por mais contraditório que posso parecer, suas conclusões não precisam ser conclusivas. Você não precisa fechar o assunto. Um bom pesquisador reconhece as limitações de seu trabalho e são essas limitações que fazem com que ele continue pesquisando. Aliás, muitas vezes, ao final de um longo trabalho de pesquisa sobram muito mais perguntas que respostas.
Após a introdução desse capítulo, faça uma síntese de todo o trabalho feito; retome as questões de pesquisa e exponha as possíveis respostas que você encontrou; aponte as dificuldades que você teve e como essa pesquisa contribuiu com sua formação e como ela pode contribuir com a formações de outras pessoas. Finalize com perspectivas futuras para o tema, isto é, propostas de temas de pesquisas que você pensou durante o processo, mas que não pôde fazer.

ANEXOS, APÊNDICES E OBSERVAÇÕES FINAIS
Às vezes seu trabalho pode exigir que você acrescente materiais utilizados e/ou encontrados, que são os Anexos e Apêndices. Alguns diferenciam o primeiro do segundo por este ser um material produzido pelo autor e aquele apenas um material utilizado. Se você fez entrevistas com alguém, você deve ter as transcrições dessas entrevistas; se você promoveu uma oficina, os planos de aula e atividades etc. Acreditamos que todo material é válido, até porque pode ser reaproveitado em alguma pesquisa futura. No entanto, cabe a você com o orientador decidir a necessidade ou não de acrescentar esse material.
Por fim, não deixe de fazer uma revisão de seu texto, ou melhor, pedir para que alguém o faça. Chega um momento que estamos tão cansados de tanto ler e reler que não conseguimos mais ver os problemas dentro do texto. Mantenha uma certa formalidade na língua, não use marcas de oralidade e tenha atenção às normas exigidas. Acredito que, com isso, você poderá ter uma ideia de como começar a fazer sua Monografia.

[1] É preciso que o aluno tenha conhecimento das normas adotadas em seu curso/ universidade. Muitas vezes, é recomendado o uso da ABNT mais recente, contudo, não raro, as universidades possuem seu próprio guia de normas para publicação de trabalho, geralmente disponível no site da universidade. Vale a pena verificar a informação com o orientador, professor da disciplina ou mesmo com o bibliotecário geral.
[2] Muitos confundem "tema", "delimitação do tema" e "título". O tema é a área de pesquisa que você está trabalhando, por exemplo Leitura, Linguística cognitiva etc; dentro dessa área, muito pode ser pesquisado e, portanto, merece ser especificado, então você delimita. Já o título, como costumamos dizer, é o "nome de fantasia", o nome que você pode usar para "vender o seu peixe". Você pode, inclusive, usar a delimitação do tema como título ou criar um que chame a atenção.
[3] É necessário que todos os capítulos devem ter uma pequena introdução, uma prévia do que será tratado para que o leitor se situe no capítulo e entenda como esse capítulo se relaciona com os demais; e uma conclusão (uma síntese, uma relação com o capítulo seguinte etc). Isso é válido para todos os capítulos.
[5] Diários de pesquisa são diários em que registramos nossos cotidiano de pesquisa: as descobertas, reflexões pessoais, passo a passo... tudo que nos ocorre durante o percurso de pesquisa. São extremamente úteis na hora de fazermos um relatório final de pesquisa, já que grande parte do que foi escrito nesses diários podem ser aproveitados. Sendo um diário pessoal, a grande vantagem é sua liberdade criativa, não há limites para o que possa ser escrito em um diário desse tipo.

*Francisco Edmar Cialdine Arruda é professor da Universidade Regional do Cariri, mestre em Linguística aplicada pela Universidade Estadual do Ceará e pesquisador do Grupo de Pesquisa em Lexicografia, Terminologia e Ensino (LETENS) e do Núcleo de Pesquisas em Linguística Aplicada (LiA), atuando principalmente com os temas Terminologia, Lexicografia, Surdez, Multimodalidade e Estudos clássicos. Contato: ed0904@gmail.com. Blog: www.cialdinearruda.blogspot.com.



















Um comentário:

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